A hiperflexibilidade é a capacidade de mover as articulações além do limite normal de movimento. Algumas pessoas nascem com essa característica, outras a desenvolvem por meio de treinamento ou atividades físicas.
A hiperflexibilidade pode ser vista como uma vantagem em alguns esportes, como ginástica, balé, natação e artes marciais, pois permite maior amplitude de movimento e expressividade.
No entanto, também pode trazer riscos para a saúde das articulações, tendões, ligamentos e músculos, aumentando a chance de lesões ortopédicas.
O que são lesões ortopédicas?
As lesões ortopédicas são aquelas que afetam o sistema musculoesquelético, que é composto por ossos, cartilagens, articulações, ligamentos, tendões e músculos.
As lesões podem ser causadas por traumas, como quedas, pancadas, torções ou fraturas, ou por desgaste, como inflamações, degenerações ou rupturas. As lesões ortopédicas mais comuns em atletas são:
- Entorses: são lesões nos ligamentos, que são as estruturas que conectam os ossos nas articulações. As entorses podem ser leves, moderadas ou graves, dependendo do grau de estiramento ou ruptura dos ligamentos. As entorses mais frequentes ocorrem nos tornozelos, joelhos e ombros.
- Tendinites: são inflamações nos tendões, que são as estruturas que conectam os músculos aos ossos. As tendinites podem ser causadas por sobrecarga, uso excessivo, má postura ou movimentos repetitivos. As tendinites mais comuns afetam os tendões do ombro, cotovelo, punho, joelho e calcanhar.
- Bursites: são inflamações nas bursas, que são pequenas bolsas cheias de líquido que ficam entre os ossos, tendões e músculos, funcionando como amortecedores. As bursites podem ser provocadas por trauma, pressão, infecção ou doenças reumáticas. As bursites mais frequentes ocorrem nos ombros, cotovelos, quadris e joelhos.
- Lesões musculares: são lesões nas fibras musculares, que são as células responsáveis pela contração e relaxamento dos músculos. As lesões musculares podem ser classificadas em distensões, contusões ou rupturas. As distensões são estiramentos ou pequenas rupturas nas fibras musculares, causadas por esforço excessivo, fadiga ou alongamento inadequado.
Como a hiperflexibilidade afeta as lesões ortopédicas?
A hiperflexibilidade pode aumentar o risco de lesões ortopédicas de várias formas, como:
- Reduzir a estabilidade das articulações, tornando-as mais suscetíveis a entorses, luxações ou subluxações (quando o osso sai parcialmente da articulação).
- Sobrecarregar os tendões, ligamentos e músculos, favorecendo o aparecimento de tendinites, bursites e lesões musculares.
- Diminuir a propriocepção, que é a capacidade de perceber a posição e o movimento do próprio corpo no espaço.
- Aumentar a vulnerabilidade a traumas externos, como quedas, colisões ou choques, que podem provocar fraturas, contusões ou lesões nos nervos.
Como prevenir as lesões ortopédicas em atletas com hiperflexibilidade?
As lesões ortopédicas em atletas com hiperflexibilidade podem ser prevenidas com algumas medidas, como fazer uma avaliação médica e fisioterapêutica antes de iniciar ou mudar a modalidade, a intensidade ou a frequência do treinamento ou da competição.
Essa avaliação pode identificar os pontos fracos, as limitações e as necessidades de cada atleta, além de orientar sobre os cuidados específicos para cada caso.
Fazer um aquecimento adequado antes de cada sessão de treino ou de competição. O aquecimento deve envolver exercícios de baixa intensidade e de alongamento dinâmico, que preparem o corpo para a atividade física, aumentando a circulação sanguínea, a temperatura corporal, a elasticidade dos tecidos e a lubrificação das articulações.
Fazer um alongamento estático após cada sessão de treino ou de competição. O alongamento estático deve envolver exercícios de baixa intensidade e de longa duração, que relaxem o corpo após a atividade física, diminuindo a tensão muscular, a dor, a rigidez e o risco de lesões.
Fortalecer os músculos, especialmente os que envolvem as articulações mais afetadas pela hiperflexibilidade. O fortalecimento muscular deve ser feito com exercícios de resistência, que aumentem a força, a resistência e a potência dos músculos, melhorando a estabilidade e a proteção das articulações.
Melhorar a propriocepção, com exercícios que estimulem o equilíbrio, a coordenação e o controle dos movimentos. A melhora da propriocepção deve ser feita com exercícios que desafiem o sistema nervoso, como os que envolvem superfícies instáveis, mudanças de direção, velocidade ou ritmo, ou uso de olhos vendados.
Usar equipamentos de proteção, como tornozeleiras, joelheiras, cotoveleiras, ombreiras, luvas, capacetes, etc., dependendo do esporte praticado. Os equipamentos de proteção devem ser adequados ao tamanho, ao peso e à forma do atleta, além de estar em boas condições de uso. Os equipamentos de proteção podem prevenir ou minimizar os efeitos de traumas externos, como quedas, colisões ou choques.
Respeitar os limites do próprio corpo, evitando exagerar na intensidade, na duração ou na frequência dos treinos ou das competições. Respeitar os limites do próprio corpo também significa descansar adequadamente, dormir bem, se alimentar de forma equilibrada e se hidratar corretamente.
Conclusão
A hiperflexibilidade é uma característica que pode trazer benefícios e desafios para os atletas. Por um lado, pode facilitar a execução de alguns movimentos e aumentar a performance em alguns esportes.
Por outro lado, pode aumentar o risco de lesões ortopédicas, que podem comprometer a saúde e a carreira dos atletas. Por isso, é importante que os atletas com hiperflexibilidade tenham cuidados especiais com o seu corpo, seguindo as orientações médicas e fisioterapêuticas, e adotando hábitos saudáveis de vida. Assim, eles poderão aproveitar os benefícios da hiperflexibilidade, sem sofrer com as consequências das lesões ortopédicas.